Personagens históricos do Vale do Café são enredo da União de Jacarepaguá, da Série Ouro do carnaval carioca, que desfilará no Sambódromo no sábado de Carnaval
Há pouco tempo, quando levou para a Avenida a história do Vale do Café, a Império da Tijuca já fazia menção à história das lutas dos escravos na região. Agora, a União de Jacarepaguá, que voltará a desfilar na Sapucaí no grupo de acesso em fevereiro de 2023, decidiu aprofundar a temática e põe Manoel Congo e Mariana Crioula como personagens centrais para contar — através de alegorias, fantasias e samba — suas histórias de coragem em busca da liberdade.
O enredo “Manuel Congo, Mariana Crioula, os heróis da liberdade no Vale do Café” foi concebido pelos carnavalescos Lucas Lopes e Rodrigo Meiners. A ideia da dupla é usar a “alma e coragem” dos dois personagens para fazer um carnaval voltado para as raízes do samba, com a ancestralidade africana e os legados das batalhas pela libertação:
“Manoel Congo e Marianna Crioula encorajaram e conduziram mata adentro todos aqueles que sonhavam com a liberdade. Resistência. Bravura. Heroísmo. Um quilombo. ‘Morrer sim, entregar não!’. Lutar em um tempo em que ser livre nunca foi um direito. Acender a centelha da coragem em um tempo onde enfrentar é resistir. Nas terras do vale do café reside a herança cultural da luta quilombola. Vassouras e Paty do Alferes guardam em seu ventre o legado de dois heróis da liberdade”, diz um trecho da sinopse do enredo da escola.
Leia aqui a sinopse completa do enredo da escola e veja abaixo a letra do samba-enredo que embalará a escola na avenida.
Enredo: Manuel Congo e Mariana Crioula. Heróis da liberdade no Vale do Café
Compositores: Valtinho Botafogo, Victor Rangel, João do Gelo, Temtem Jr., Marcelino Santos, Cláudio Matos, Diego Nicolau, Douglas Ribeiro, Phabbio Salvatt, Thiago Bahiano, Beto Aquino e Genaro Du Banjo
Intérprete: Luiz Paulo JR
Tambor!
Ressoa de Angola, Guiné e Benim
É reino de Congo, espada de Ogum
Nobreza ancestral que repousa em mim
Bravura dos senhores de Orun
Maré me leva em lamentos e preces
Aporta na areia calunga de dor
Um cais no estreito da argola que prende
O Valongo se fez preto na pele que sangra
Escorre o pranto que sufoca nossa gente
É mucama de iaiá, é escravo do feitor
Valentia da senzala não sucumbe ao capitão
Lá nos cafezais, a revolta se faz
Pra findar o açoite que fere o irmão
Quilombo de luta à luz da esperança
Correntes se quebram, é negra insurreição
Lugar de fala contra a tirania
Vive em toda manifestação
Vai ter jongo e capoeira, ê, camará!
Noite de coroação, quilombola vai jogar
No axé da mãe baiana, ideal de igualdade
Manoel e Mariana, os heróis da liberdade
Firma ponto, eu quero ver, vai ter batuquejê
Chama o povo do samba, ê samborê!
Jacarepaguá, eu respeito a sua história
Resistência é a marca da nossa vitória
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