Monitoramento da fauna auxilia regeneração da Mata Atlântica no Vale do Café
POR CHICO GONZAGA
O Vale do Café está recebendo a instalação de novas câmeras trap para o monitoramento da fauna da região. O Caminho da Mata Atlântica é uma trilha de mais de 4 mil km que percorre toda a Serra do Mar e um trecho da Serra Geral, entre os estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A trilha tem seu limite norte no Parque Estadual do Desengano (RJ) e se estende até os cânions do Parque Nacional dos Aparados da Serra (RS). O projeto busca integrar o montanhismo e o ecoturismo para promover desenvolvimento local e conservação da biodiversidade em um dos biomas mais ameaçados do mundo.
Pacas, tatus, cachorros-do-mato e iraras são alguns dos animais registrados com as câmeras trap que o coordenador nacional do Caminho da Mata Atlântica Chico Schnoor já tinha instalado em seu terreno. Ele destaca a importância do mapeamento dos corredores de fauna da região para identificar áreas estratégicas para a restauração florestal.
“A gente vai conseguir analisar como está esse corredor em termos de fauna, o que tem de fauna nos limites do Tinguá. A partir disso, comparar com os estudos que nós já temos, para entender como podemos transformar o turismo e agroecologia em um fomento à economia rural ao mesmo tempo que se regenera a mata atlântica, esse é o objetivo do trabalho como um todo, trabalho de longuíssimo prazo”.
A expectativa de Schnoor é que com a instalação de novas câmeras distribuídas por São Sebastião dos Ferreiros, Paulo de Frontin, Paty de Alferes, Miguel Pereira e Paracambi vão conseguir registrar também animais de maior porte como a jaguatirica e o gato-do-mato-grande.
Entretanto, a presença de animais registrados nas câmeras não é necessariamente um bom sinal. Ele usa como exemplo o lobo-guará que não é um animal típico da mata atlântica e já foi avistado na região.
“O maior sinal da degradação da nossa terra é o lobo-guará aparecer ali (ver vídeo abaixo). Hoje o Vale do Paraíba Fluminense passa por um processo de savanização, a gente está deixando de ser uma mata atlântica, uma mata atlântica super úmida, tão úmida, quanto o sul da Bahia, passou para uma semidecidual e agora está começando a virar uma savana. Então, animais como lobo-guará, cascavel, siriema que estão aparecendo na região são sinais desse processo de transformação em uma savana.”
Entender esse processo de degradação extrema é necessário para traçar áreas estratégicas de restauração florestal. Segundo Schnoor, um corredor florestal efetivo ligando a Serra do Mar à Serra da Mantiqueira seria de grande importância para estimular a regeneração da mata atlântica. Ele defende que a criação deste caminho passando inteiramente pelo Vale do Café possibilita uma maior compreensão da região e de investimento no ecoturismo e no cicloturismo, com novas rotas ligadas ao eixo do sul de Minas Geraes.
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